Você me acha muito previsível. Não é sua culpa. E eu não tenho controle, há toda uma parte consciente de mim que gostaria de agir de uma maneira e observa a outra parte respondendo condicionadamente a você. A entidade você. A questão você. As vezes eu acho que pra ser um artista de verdade você tem que ser uma dessas pessoas pelas quais um trem passa por dentro. estava pensando numa personagem que sai no meio da aula e vai gritar na escada de incêndio. Eu sou essa personagem. Só que como eu não sou uma personagem eu não saio correndo pra gritar. Eu sou tímida, e tenho vergonha de sair da sala, e correr no corredor e depois gritar. As pessoas não saem correndo para gritar no meio da aula. Eu penso instantes depois que se eu fosse professor eu diria “tem um bando de gente viajando nessa aula, eu sei dizer exatamente quem ta pensando em sexo” o que obviamente não se pode dizer, mas é razoável imaginar que metade da sala esta pensando nisso.
A parte de mim que me subjuga por me comportar previsivelmente na sua frente, acha que escreve melhor que você. Mas morre de vergonha de escrever textos inteiros sobre um mesmo assunto fútil. é um trem dentro de mim. Acho que tenho várias partes. Todas elas são previsíveis mas para pessoas diferentes, e todas elas estão condicionadas a cada uma dessas pessoas. A parte condicionada a você esta inflamada, pulsante, roxa, cheia de um pus. Sempre que me perguntam a seu respeito eu digo que esta tudo bem. E nem acredito na cara que faço, de “não tenho nada a dizer sobre isso”. Não tenho nada a dizer. Ninguém quer saber sobre pus.
(eu tenho um pouco de vergonha desse texto, ele já tem alguns anos, mas eu gosto dele)
quinta-feira, janeiro 22, 2009
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