terça-feira, julho 31, 2007

People In the sun

Eu tentei me convencer no começo de Julho que nada me aconteceria de ruim só porque eu tinha visto a imagem do calendário antes da época. Foi sem querer, juro. Mas eu tinha certeza que nada de errado poderia vir dessa imagem, achei que o Hopper tava querendo dar uma de espertinho com esse nome. Afinal quando eu olhei esse quadro eu tinha certeza que ele não falava de pessoas ao sol, ele falava dessa pessoa mais a frente lendo um livro. Era como se esse cara soubesse muito mais que as outras pessoas felizes ao sol, ele era como um herói pra mim. Mas ao longo do mês eu fui me dando conta da infelicidade dele, o que a principio parecia uma caracterização da sabeoria, e depois reparei nessa cor amarelada. E que o sol não deixa de ser importante. E que as pessoas não estão erradas em deitarem ao sol. E que no final todos eles, até o cara com o livro, são pessoas no sol.
E por fim, talvez eu não tivesse me dado conta disso, se eu não tivesse visto ali atras uma outra figura que se diferencia do grupo, repare numa mancha verde atras da mulher loira. É uma pessoa deitadapra frente ou uma roupa? Minha sensação é que é uma pessoa, primeiro porque eu quero que seja e depois porque tem uma sombra que poderia ser dela.

segunda-feira, julho 16, 2007

Hoje eu queria muito roubar uma coisa. Muito mesmo. Dessas coisas que ninguém daria muita falta, mas que mesmo assim seria muito errado roubar. Na verdade errado já era eu cogitar a respeito. De certa forma acho que estou usando o blog na tentativa de ser absolvida.

É que estavamos filmando na casa de uma pessoa que eu não conhecia. Mas estavamos lá, passando por todos os lados, movendo coisas, desmontando a casa e fazendo o filme. Minha função, além de fazer tudo que as pessoas mandavam eu fazer (como embrulhar o relogio, limpar o aquario, puxar o fio, pagar o hotel dos atores...) era bater a claquete. Basicamente eu batia a claquete, e corria pra me esconder agachada em algum canto. E foi assim sentadinha no chão no meio da biblioteca que eu achei um caderninho de folhas coloridas. Era um diario de 2003 de uma menina de 16 anos. E olha só em 2003 eu tinha 16 anos.

E ai que eu fiz a coisa errada, eu li, eu li tudo que dava pra ler nos meus momentos vagos. Eu lia e queria ler mais. Eu queria roubar o diário pra mim, eu queria ter visto ele ontem pra ter levado, xerocado e devolvido.

A dona do diário, era pelo menos aos 16 anos, uma pessoa completamente diferente do que eu era aos 16 anos. Ela fumava maconha quase todo dia, escrevia trechos de MPB pelo caderno, fugia da escola pra sair com os amigos, fazia viagens bacanas, acreditava no poder da lua, participava de manifestações...
Na verdade nada disso tem importancia, pelo menos não no meu fetiche pelo diário. Parecia que tinha sido feito pra alguém ler, porque ele era tão feliz. E ao mesmo tempo tão sincero.

Tinha uma manifestação que ela dizia ter saido gritando com o coro "Fora Pitta, FHC e FMI" em seguida um parenteses que dizia "que chato, eu não sei o que é FMI". Normalmente eu teria pensado bem mal dela, mas era tudo tão sincero. Até quando ela estava triste, ela sabia que estava triste e não tentava racionalizar nada.

Sei lá...
eu sei que eu fiz coisa errada.
mas ainda queria o diário pra mim.

sexta-feira, julho 13, 2007

I got a plate in one table, and sat in the other cause I knew you'd be there. While other couples were trying to sit togheter, you took the place at my right, and your girlfriend the one in my left. And I asked if you two would like me to move. She sayd no in a very polite way, and you, I swear I heard you whispering "If it's how things should be".
Eu passei muitos dos primeiros anos da minha vida gastando todos os meus desejos (aqueles que vêm com velas de aniversário, estrelas cadentes, cílios caídos) pedindo pra voar. Quando eu dexei de acreditar que isso pudesse acontecer eu fiquei arrependida em ter gasto meus desejos assim, porque eu ainda acreditava na competência das velas de aniversário, das estrelas cadentes e de cilios caídos.

Eu acho que eu queria voar especialmente pra poder ganhar no jogo de queimada.O que é um tanto estupido, porque provavelmente as outras crianças nunca deixariam a menina que voa brincar de queimada. Eu também queria poder voar pra pegar as amoras na arvore da escola.

E eu me lembro de um episódio, que parece uma daquelas coisas que os adultos criam sobre as crianças, porque é tão lúdico. Mas juro que aconteceu.
Meus tios queriam pegar aqueles carangueijos (acho que chama pitu, mas posso estar errada) que se pega de noite. E a gente foi pra praia, e ali aonde eles ficavam tinha um laguinho, e o laguinho refletia o céu, e a noite estava muito clara, o céu azulado e cheio de nuvens. Então a gente corria na beira do lago e parecia que estavamos andando em cima das nuvens.

terça-feira, julho 03, 2007

Poesia Oferecida.

Gosto muito de você
e também não gosto

não escrevo mais
lembro daquela que eu chamaria (por algum eufemismo) de bêbada. pede dinheiro para escrever versos com cada uma das letras do nome de quem paga.

jogue
os
raios
gagos
entre minhas pernas.

lembro também daquele que a poesia marcava menos ainda. mas compensou contando a melhor piada.

Não sei contar piadas
sei ter graça com eufemismos
os que me diminuem principalmente
como se eu fosse grande coisa.

Não posso deixar de comprar poesia.
sentada na mesa de bar
algum estranho me pergunta "você gosta de poesia?"

Gosto muito
e também não gosto.

Pago pra ver.

Perco quase sempre.

Mas não posso desistir da poesia.
Nem posso desistir de você.

domingo, julho 01, 2007

Sobre livros de auto-ajuda.

A verdade é que eu acredito na eficácia dos livros de auto-ajuda. Imagino uma pessoa que resolve escrever isso, o que leva ela a crer que tem conhecimento o suficiente parar criar soluções infalíveis e generalistas sobre o comportamento humano? Imagino que essa pessoa tenha acabado de sair de uma experiência de sucesso e acha que ela pode ajudar outros com isso. acontece que a vida da pessoa não acaba depois do livro. E eu só posso acreditar que toda conclusão tirada de um livro de auto-ajuda é especulativa. não se pode ignorar que as pessoas são diferentes e o que deu certo pra um autor, talvez não dê certo pra outra pessoa. vi um livro outro dia chamado "não discuta a relação" fico imaginando o que esse livro quer. Se o seu respectivo bate em você, o que fazer segundo esse livro? Trancar a porta? fazer um curso de defesa pessoal?
Mas voltando, eu tinha dito que acreditava na eficácia deles, o que possivelmente não faz o menor sentido com o que eu disse até agora. Explico, acho que a pessoa que compra um livro de auto-ajuda quer soluções, resolver problemas requer muito mais do que soluções prontas, requer conhecimento pessoal e coisa e tal. Mas a pessoa quer soluções, ela não quer ficar se conhecendo, o que é um saco. Então o livro funciona para aquele momento, a pessoa fica confiante, e as coisas funcionam. E depois os problemas voltam....mas ai você compra um novo livro. Você fica contente, a industria fica contente, a livraria fica contente....

Nesse caso porque eu não compro livros de auto-ajuda? Em primeiro lugar porque eu tenho vergonha na cara (ou seja, se eu fosse uma pessoa um pouco melhor, e não ligasse pro que os outros pensam, eu poderia ler livros de auto-ajuda). Em segundo lugar porque eu penso tudo isso, e nunca levaria um desses livros a sério, por mais que eu tenha preguiça de me conhecer e de saber que nem tudo tem uma solução simples.

Por fim, tudo isso é só uma especulação minha, porque eu nunca li, nem conheço muita gente que leu essas coisas.
mas até que fazer aula de defesa pessoal é uma boa solução.