sábado, setembro 26, 2009

espaço e tempo.

eu não leio mais poesia como eu costumava. tinha uma época que eu comprava livros de poesia quase toda semana. e hoje em dia eu mal sei as letras das músicas que eu gosto. tinha uma época que eu vivia escrevendo elas por ai. e eu não guardo mais recortes bonitos, tinha uma época que eu tinha uma pasta dos meus recortes preferidos e esse ou aquele eram tão especiais que não podiam ser usados com qualquer coisa. eu não desenho mais. nem escrevo poesia. nem tiro fotos. nem escrevo músicas. e nem pinto camisetas. eu não passo tardes inventando novos doces. eu não mantenho correspondências. eu não leio mais sobre moda.

tinha uma época que eu era obcecada por papiê mache. eu fiz um pinguim de papiê mache para um amigo. ele, o pinguim, era barrigudinho e a cabeça saía, como um pote. deu muito trabalho. primeiro eu tive que achar sucatas ideais. passar cola plástica, fazer a primeira camada de jornal, uma camada de papel higiênico, a cabeça de alumínio, o bico de plástico, mais jornal. pintar de branco, pintar de branco de novo até não dar pra ver o jornal, pintar de pinguim, passar verniz. demorou uma semana acho, deu muito trabalho. mas o pior é que eu era completamente impaciente. eu nunca queria esperar secar pra ir pra próxima etapa. o que tornava as coisas mais complicadas, porque toda hora eu me fudia mais por ser impaciente. hoje em dia eu penso que seria incapaz de fazer isso. porque toma muito tempo. parece que tudo toma mais tempo agora. ou o tempo vale muito mais. porque o tempo passa tão mais rápido a medida que a gente cresce? de alguma forma pra mim parece que a medida que a gente cresce fisicamente e o tempo não cresce junto. e eu sei que isso não faz sentido porque a gente para de crescer. mas sabe aquela sensação de que os lugares da sua infância eram muito maiores do que eles são de fato, obviamente porque você era menor e sua perspectiva era outra. mas já tentou visitar algum lugar que vc não vai há... 4 anos, por exemplo, um lugar que você conheceu crescido. não sei pra você.... mas esses lugares também me parecem menores. e eu não cresço (fisicamente) há quase 10 anos. eu acho que a medida que a gente cresce a gente ocupa mais espaço e a gente também ocupa mais tempo. parece que nunca há tempo pra nada e talvez não haja espaço também. eu tenho uma noção tão maior das pessoas em volta.

e ainda, por mais que eu tenha deixado todas essas paixões que eu falei no começo do post eu fico feliz em ter novas: eu escrevo sobre todo filme que eu assisto. eu escrevo roteiros. eu coleciono fotos bonitas que eu encontro na internet. eu gosto de colecionar pequenas frases bonitas que as pessoas falam, mesmo que elas não signifiquem nada de mais, só por elas terem um bom arranjado de palavras. e eu fico feliz em saber que eu não sou nenhuma dessas coisas. que as músicas que eu gosto e os filmes que eu faço e as coisas que eu coleciono, são paixões. que são parte de mim. mas eu sou outra coisa e não deixo de ser por deixar qualquer paixão pra trás.
eu penso também que hoje em dia eu teria mais paciência com o pinguim, que entre uma fase e outra, eu seria mais paciente de esperar secar.

e eu sei que esse post é cafona pacas, (achou isso? vai se fudê procura outro blog!) (mentira, eu também acho, mas respeite a minha fossa, eu to triste por qualquer coisa que eu não quis dizer aqui e preferi falar do tempo)

ademais eu gostaria de dizer que sou absolutamente descrente da teoria científica do espaço e tempo. essa história de que vc vai ali, passa quinze minutos e aqui passa mil anos é absolutamente mentira! já tentaram me explicar e ainda bem pra entender precisa de um sério conhecimento de física. porque francamente eu não quero entender. acho demais pra minha cabeça. dessas coisas que me arrepiam. prefiro que exista et.