sexta-feira, maio 14, 2010

Em memória de Olívia




Esses dias eu fui num restaurante vegetariano natureba que, especialmente essa semana, estava com um cardápio baseado em palmito. Um monte de gente havia recomendado as tais especialidades de palmito e elas aconteceriam só essa semana, então tive que conferir. O cardápio iniciava a sessão do palmito com o título Em memória de Olívia. E explicava assim, que há 10 anos, quando eles compraram o espaço do restaurante eles fizeram uma horta e plantaram nela uma árvore de palmito. Todos os membros do restaurante gostavam muito de palmito e lhes parecia anti-ecológico comer palmito industrializado. Assim, todos colocaram muito afeto e dedicação para que a árvore crescesse e para que um dia todos pudessem desfrutar de um palmito sem culpa. Os anos se passaram, eles plantaram de tudo naquela horta e a árvore de palmito continuava lá, era a única arvore no quintal e necessitava de muito cuidado, então ela ganhou um nome Olívia Palmito. Tinha até quem conversasse com ela. Então há 3 anos, quando a Olívia estava pronta para o corte, ninguém teve coragem de "abater" a árvore. Todos eles sentiam que seria como comer a carne de um animal e concordaram que não havia qualquer forma de comer palmito sem culpa. Acontece que na semana passada aquela chuva absurda derrubou a Olívia e não faria sentido algum jogá-la fora. Seria um desperdício de comida, além de toda aquela vontade acumulada há anos pronta para gerar receitas incríveis com palmito. Por fim, fizeram um cardápio em memória da Olívia. E plantaram outra arvore de palmito, que eles não pretendem comer, mas que se daqui 10 anos ela for atingida por um raio, outra semana do Palmito acontecerá. Na saída eu fiquei conversando com um manobrista enquanto esperava a chuva passar. "A comida daqui é boa, né moço?" "Não sei, eu não como ai não, não tem carne". Parecia justo. "Mas e essa história do Palmito, hein? Que história!" "que palmito?" "Ué, a arvore de palmito que eles plantaram aqui...". O homem fez uma cara de saco cheio e disse "quer saber? eu vou te mostrar uma coisa" Ele me levou pro quintal do restaurante, onde ficava a tal da horta. E não tinha horta nenhuma.