Lembro me ainda de ouvir você comentando com seus amigos sobre os peitos da Paula. Dizia como eles olhavam pro céu, de algum jeito que eu não sei bem parafrasear, e apontava com os dedos para cima. Primeiro eu senti inveja da atenção aos peitos da Paula. Depois contei à Paula, pra quem sabe ela ficar contente. Paula me repreendeu como se eu não entendesse bem o desrespeito. Eles não deviam falar assim dos nosso peitos. Eu não soube replicar, o que eu sei agora. Diria que esse tipo de comentário não era muito diferente do que a gente dizia a seu respeito. Eu gostava muito das costas do seu joelho. As costas do seu joelho eram as mais bonitas da escola, não havia outro garoto que tivesse costas de joelho feito as suas. Torcia pelas bermudas que deixavam seu joelho de fora. E o que eu faria com as costas do seu joelho? Não sei. Nunca mais olhei pras costas do joelho de ninguém depois daquela época. O que a gente ansiava mesmo? Não era sexo. Era qualquer coisa de calor humano antes disso.
Eu continuo, na maior parte do tempo, sem réplica para esses pequenos desrespeitos. Nunca tive coragem de dizer à Paula, que entre toda essa reeprensão ao seu comentários, ela soltava risinhos contraditórios, orgulhosa de seus peitinhos que apontavam ao céu.
(Ilustração pela ilustrissima, Luisa Amoroso)
Um comentário:
lindo desenho...História do tipo que faz bater uma nostalgia dos tempos onde nem todos os comentários eram em si maliciosos...
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