segunda-feira, outubro 09, 2006

Acho absurdo como algumas pessoas muito mais velhas que eu lembram tão bem da infancia delas, aqueles autores saudosistas, cineastas, professores ou vizinhos que contam brincadeiras antigas com detalhes . Eu não lembro de quase nada, muitas das imagens que eu tenho vêm de fotos. Pensava que era por causa da cidade, porque todo mundo diz que a gente de São Paulo não teve infancia, e é verdade que a minha pré-adolescencia foi precoce. Mas ultimamente eu acho que com o tempo a gente começa a lembrar mais, por mais que isso não faça sentido algum, talvez se invente as partes que faltam, ou se convive melhor com as que não gosta, sei não.

Mas esses dias eu lembrei de uma história. Quando meu tio casou, eu fui daminha (tinha entre 3 e 5 anos) , meu vestido era todo branco com um laço rosa no meio, basicamente um vestido de noiva mini. Acho que o vestido foi comprado, não alugado, porque depois da festa eu queria usar ele sempre, tanto que minha mãe acabou mandando fazer um vestido versão estragável. Sim, eu tinha um vestido de noiva pra brincar. Só que não parou por ai, eu usei tanto ele, que eu acabei convencendo minhas amigas da genialidade daquilo, e elas quiseram um também. Acho que a costureira fez uns 3 ou 4 deles, eu ia ficando com inveja dos outros, porque eles eram cada vez mais elaborados e o meu estava ficando velho.

Estou ensaiando pra dizer como as brincadeiras de meninas são machistas. Que a gente brinca de casar, de ter filho, de se arrumar,de cozinhar, de limpar a casa...enquanto os meninos brincavam de salvar o mundo, de pirata, de astronauta....Claro que não era só dessas coisas de menina que eu brincava (sou particularmente orgulhosa da brincadeira que eu e uma amiga tinhamos em que eramos batedoras de carteira usando patins) mas estava sentindo essa inferioridade feminina de sonhar baixo. Ai esses dias me ocorreu que nenhum menino brinca de ser pai de familia, de ser adiministrador, engenheiro, advogado...pelo menos não nessa idade. E que de algum jeito essas brincadeiras realistas são uma forma de maturidade, por mais que possa ser frustrante depois não se encaixar a certos padrões. E que pra minha filha eu vou dar uma traje de astronauta e uma barbie balzaquiana.

7 comentários:

Luiz Felipe Amaral disse...

Ia comentar mas não vou.

Humm, está se tornando um padrão de comportamento. Oh well...

Mas pense nisso: o pensamento moerno se afasta de algo como uma visão naturalista dis fenômenos. De todos, mas principalmente daqueles envolvendo as pessoas humanas. Você concorda com essa afirmação? Justifique.

Lígia disse...

Primeiro eu acho que toda visão naturalista envolve humanos. Depois eu me pergunto se a visão em si, você relaciona ao que eu disse pela memoria ou pelas brincadeiras. E por fim eu acho que você só esta tirando uma com a minha cara.
Mas de qualquer forma acho que existem aspectos do pensamento moderno que nos afastam do naturalismo outros que nos aproximam. e você consegue justificar isso sozinho.

Luiz Felipe Amaral disse...

Não estou tirando com a cara de ninguém. Pelo menos por enquanto.

Mas veja só... Se as brincadeiras de menina são machistas, o que são as brincadeiras do Rubens? Há um padrão?

Anônimo disse...

ahah sensacional sua brincadeira de batedora de carteira de patins! Tipo 'Lu Patinadora' versão 'Li Devassa Patinadora', um sucesso!

E poxa, essas brincadeiras nunca foram muito realistas comigo. Eu brincava com aviãozinho e comandos em ação, e de operar bonecas e tal. E hoje fico em casa cozinhando. hahah
Pensando bem, eu também jogava banco imobiliario e uma vez comi um canteiro inteiro de flores. Tem a ver.

Lígia disse...

hahahaha
inteiro?
olha a vocação vegetariana.

Anônimo disse...

Inteirinho! Poderia até ser uma vocação, não fosse um hábito estranho que eu tinha de correr atrás do frango do caseiro porque queria de qualquer jeito matar o coitado pra comer, sem dó. Passado obscuro!

Anônimo disse...

Bom, eu brincava de ser um esquilo voador, um rato de laboratório fugitivo, a Iara ou um agente do FBI atrás de ETs!
E quando minhas amigas queriam brincar de casinha, eu era a filha adolescente.

Não sei o que diabos isso tem a ver com minha vida de moleculenta, mas suponho que só mostre que nada fez muito sentido nunca mesmo, o que explica o que eu estou fazendo em um curso da USP que nem o Coseas sabe que existe.

Acho que estou de mau humor porque é sábado, ontem eu dormi às três e hoje eu estou *estudando bioquímica*.

Mas eu acho também que todos deveriam ter sido esquilos um dia.